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Quer trocar de carro? Fila de espera chega a 180 dias e afeta mercado de novos e usados

Seu plano era usar o 13º salário para trocar de carro? Pode ser que esse projeto tenha que ser adiado para o segundo trimestre de 2021. É que está faltando veículos para vender no varejo, tanto no mercado de novos como de usados. Concessionárias e locadoras se queixam da falta de automóveis.

Por que isso está acontecendo? Por conta da pandemia, as montadoras interromperam a produção de carros, o que reduziu a quantidade de unidades disponíveis para venda. Ao mesmo tempo, a demanda não caiu, agravando a situação.

“A instabilidade no ritmo de produção vem do fato de termos paralisado todas as fábricas por algum momento no segundo trimestre. Isso gerou uma desorganização dos estoques nos pátios e nas concessionárias, e também do fluxo de fornecimento em toda a cadeia automotiva”, afirma a Anfavea (Associação de Fabricantes de Veículos Automotores).

Por que as montadoras não aumentam a produção? Não é tão simples assim. O setor quer entender se essa demanda gerada pela pandemia é de longo prazo ou pontual. “Como o planejamento de produção de cada montadora é feito com grande antecedência, foi preciso aguardar a retomada do mercado para entender os níveis de demanda para poder calibrar as encomendas de peças/insumos e a produção ao ritmo mais adequado”, diz a Anfavea.

Por que a demanda subiu? Ilídio dos Santos, presidente da Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), diz que o carro começou a ser encarado como um meio mais seguro de transporte durante a pandemia. “As pessoas substituíram o carro de aplicativo e o transporte público pelo automóvel, pois se sentem mais seguras.”

Além disso, uma parte da população substituiu as viagens de avião por outras mais próximas em que o meio usado é o veículo. “As vendas subiram tanto, que em novembro foram 15,5% maiores que no mesmo mês de 2019”, conta Santos.

Como isso afetou o mercado de usados? Segundo o presidente da Fenauto, o mercado estima que a cada carro vendido, cinco usados são comercializados. “O novo é a alavanca do usado. Só que estão faltando modelos novos para venda, pois a indústria ficou parada, as concessionárias reabriram, os Detrans voltaram a funcionar e as vendas voltaram com força.”

As locadoras, que vendem seus usados para as lojas, também enfrentam dificuldades para comprar veículos novos na fábrica. “Como elas não conseguem renovar a frota, passaram a segurar os usados, o que afeta o mercado de seminovos”, diz Santos.

Qual o tempo de espera? Sem citar modelos e marcas, o presidente da Abla (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis), Paulo Miguel Júnior, diz que o prazo está variando de 90 a 180 dias. “Se a gente faz um pedido de 100, por exemplo, elas entregam um pouco por mês. Esse prazo depende mais do modelo do carro do que da montadora.”

Mas ele diz que entende o problema que as montadoras estão enfrentando. “Elas têm uma cadeia de fornecimento problemática, precisam cuidar da segurança sanitária das fábricas, manter distanciamento dos funcionários. E a demanda subiu além do esperado para esse ano.”

Qual a recomendação para quem quer alugar? A Localiza recomenda que os clientes façam suas reservas com antecedência, já que o período de férias tem um aumento sazonal de locações de veículos.

“A temporada de verão é um período de alta nas buscas por aluguel e pode haver maiores dificuldades em reservar carros em destinos turísticos mais relevantes nesta época do ano. Sempre recomendamos aos nossos clientes, independentemente do cenário, a planejarem viagens e compromissos com antecedência para evitar qualquer tipo de contratempo”, diz a empresa.

Como estão as projeções de vendas e produção? A demanda aquecida está levando as entidades do setor a revisarem suas projeções de desempenho para 2020. Na semana passada, a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) reduziu de 37,1% para 29,4% a projeção de queda nas vendas de automóveis e comerciais leves, para 1,88 milhão de unidades.

Na sua última revisão, a Anfavea melhorou de 40% para 35% a previsão de queda na produção de veículos, para 1,915 milhão de unidades. Mas o mercado espera que esse número seja revisado para cima diante da procura por carros novos.

Por Fabiana Futema

Fonte: 6 Minutos

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