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Volkswagen pode demitir milhares e cortar 10% dos salários na Alemanha

Em crise, fabricante pode fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez na história

Volkswagen planeja fechar três fábricas na Alemanha e demitir dezenas de milhares de funcionários. A montadora quer ainda reduzir salários em 10% e enxugar as unidades restantes em seu país de origem, revelou a chefe do conselho de trabalhadores da empresa, Daniela Cavallo.

Tal estratégia vem numa escalada desde o início de setembro, quando o fechamento de fábricas passou a ser considerado com mais força pela Volkswagen. Essa reestruturação, segundo interlocutores ligados à fabricante, visa redução de custos a fim de tornar a companhia mais competitiva.

A estratégia, no entanto, também resultaria no primeiro fechamento de fábricas da Volkswagen em solo alemão em 87 anos de história. A fabricante vem negociando há semanas com os sindicatos para pôr em prática seus planos.

A montadora salienta que a situação é encarada com seriedade. Daniela Cavallo disse aos funcionários da unidade de Wolfsburg, maior da montadora, que o processo não se trata de uma “disputa coletiva”.

A chefe do conselho de trabalhadores da empresa, contudo, não especificou quais fábricas seriam as afetadas. Há alguns meses, fontes ligadas à companhia diziam que as unidades de Osnabrück e Dresden eram fortes candidatas a um fechamento. Cavallo também se esquivou sobre o número de demitidos – a empresa tem cerca de 300 mil funcionários na Alemanha.

Em documento obtido pelas agências Reuters e Bloomberg, Cavallo diz que a administração “ainda não apresentou conceito coerente de como pretende levar a Volkswagen para o futuro”. A executiva também ressalta que a companhia “continua a focar apenas em mão de obra e custos de fábrica”.

O jornal Handelsblatt publicou no último fim de semana que, além de demissões e fechamento de plantas, a Volkswagen quer praticar corte salarial universal de 10% e suspender aumentos salariais para 2025 e 2026. Isso garantiria, segundo o periódico, economia de 4 bilhões de euros (algo em torno de R$ 25 bilhões).

Grave crise é reforçada pela chegada de marcas chinesas ao mercado europeu — Foto: Divulgação
Grave crise é reforçada pela chegada de marcas chinesas ao mercado europeu — Foto: Divulgação

No início de setembro, Thomas Schäfer, CEO da marca Volkswagen, já admitia a grave crise enfrentada pela fabricante. “A situação é extremamente tensa e não pode ser superada por meio de uma simples redução de custos”, comentou à época o executivo.

Oliver Blume, CEO do Grupo Volkswagen, atribui boa parte da situação da empresa ao cenário econômico complexo e ao declínio da economia alemã. Além disso, a concorrência chinesa, com o avanço de marcas como a BYD, vem causando problemas para a companhia há algum tempo. Não à toa, a montadora perdeu espaço considerável no mercado chinês e vem sofrendo o mesmo em outras regiões.

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