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Serviço de mobilidade pós-covid vira boa oportunidade até para montadoras

Leandro Alves – Colunista do UOL

Enquanto o Brasil bate recordes de mortes diárias, e parece que se acostuma com essa situação absurda e calamitosa, o planeta não para de girar e as pessoas precisam retomar minimamente suas atividades, saindo da quarentena. Mas, ao finalmente botar o pé na rua, como você fará para chegar a algum lugar? Transporte coletivo, carro próprio, bicicleta ou caminhando mesmo, que supostamente é mais seguro?

Pois saiba: qualquer das opções acima levará o brasileiro a utilizar um serviço de mobilidade. É o que apontam os executivos do setor automotivo na recente Pesquisa Global da KPMG. O chamado mercado mobility-as-a-service, ou serviços de mobilidade, é um negócio com diversas possibilidades e de grande potencial para as empresas.

Há tamanha disposição em oferecer serviços de mobilidade e em participar de um negócio global que pode faturar US$ 9 bilhões até 2026 que as consultorias especializadas acreditam que nem mesmo uma pandemia será capaz de colocar o pé no freio nesses investimentos. E o maior argumento é justamente o comportamento do consumidor. A KPMG capturou que o custo total de propriedade e o custo total de utilização de um veículo passaram a dominar as decisões dos consumidores que participaram da pesquisa. Isso quer dizer que, quando avaliam as opções para seus deslocamentos, utilizar o carro próprio pode não ser o melhor negócio em determinadas situações.

Outro fator que demonstra essa tendência global é que há uma correlação da adoção mais bem-sucedida de ofertas de serviços de mobilidade em países com renda familiar menor. As respostas dos líderes da indústria automotiva têm votos consideravelmente mais altos na Índia, na China e no Brasil quando avaliam ‘extremamente importante’ oferecer serviços de mobilidade nesses países. Enquanto que nos Estados Unidos e, principalmente, na Alemanha, houve um recuo nas respostas dos executivos quanto a essa questão.

É verdade que a pandemia colocou muitos desafios para empresas de tecnologia, startups e principalmente as locadoras, que exploram com mais entusiasmo o mercado da mobilidade. Para as montadoras trata-se de uma ótima oportunidade para entrar nessa competição. E deixar o papel de simples fornecedor de veículos dessa nova ‘indústria’ para alcançar algum protagonismo junto a consumidores cada vez mais conectados e diverso em suas escolhas.

Mesmo com o ambiente econômico mais difícil à frente, no período pós-Covid, na avaliação da KPMG, é preciso que haja uma “flexibilização dos contratos por meio de modelos de assinatura” para ajudar os clientes a superar este momento de incertezas. E claro, muito protocolo de segurança sanitária para seus produtos, no caso os veículos.

Locação, frota corporativa, compartilhamento de veículos, Uber, 99, aluguel de bicicleta e o aplicativo moovit são alguns exemplos de serviços de mobilidade dentre muitos outros que terão que se adaptar. Mas a vocação deste mercado pelos serviços conectados e o comportamento do consumidor brasileiro vão ajudar neste momento de transição. Inclusive criando novos modelos de negócios que cumpram sua função junto ao consumidor: prestar um serviço relevante.

Talvez as montadoras e seus revendedores também possam enxergar oportunidades nesse mercado.

Brasil. A pesquisa da KPMG destaca o mercado brasileiro nessa transformação. Pelo quarto ano consecutivo os serviços de mobilidade receberam a classificação extremamente importante para este País. Em 2020 o maior índice: 69%.

Mais caro. Levantamento da Agência AutoData aponta que os caminhões ficaram em torno de 10% mais caros, em média, desde o começo da pandemia. Fabricantes culpam a alta do dólar para o reajuste promovido nos últimos meses.

Foco em elétricos. A ZF fundiu duas de suas divisões dedicadas a veículos leves com a justificativa de que, em breve, deixará de desenvolver produtos para automóveis movidos a motores a combustão. Foco total em híbridos e elétricos.

Ouvindo o trabalhador. Em Araquari, SC, e Manaus, AM, onde mantém produção de automóveis e motocicletas, respectivamente, sugestões dos funcionários entraram no protocolo sanitário da BMW na retomada da produção. Dois exemplos, na área de produção que foram feitos por meio de impressoras 3D: extensor de máscara facial, que minimiza o desconforto no uso do novo EPI, e chave de segurança, que faz com que o trabalhador não tenha contato direto com as maçanetas dos banheiros.

Novo padrão visual. Ford e Volkswagen inauguraram nos últimos dias concessionárias em São Paulo já adaptadas ao novo padrão visual global. A rede Fiat também, aos poucos, se adequa à sua nova identidade da marca. A Nissan é a próxima da fila: seu novo logotipo foi divulgado há algumas semanas no Japão.

Mudei de nome. O que a rede Nissan apresenta de novidade nas próximas semanas é o V-Drive. Não é um novo carro da marca: é o antigo Versa produzido em Resende, RJ, que ganha novo nome. Como Versa, a partir do último trimestre, ficará conhecido o sedã importado do México.

Para o público agro. Diferentemente da Fiat, que ao lançar a nova geração da picape Strada mirou no público que a usará para o lazer, a GM focou o lançamento da linha 20/21 da S10 no agronegócio. Desde a propaganda, que ressalta que o setor não parou na pandemia até a live de lançamento, que contou com a dupla sertaneja Chitãozinho & Xororó. Mudanças foram poucas: destaque para a internet nativa, algo que vem sendo adotado em toda a linha Chevrolet. Na S10 o mote é transformar o carro no “escritório do homem do campo”.

* Colaboraram André Barros, Bruno de Oliveira e Caio Bednarski.

Fonte: UOL

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