O Ministério da Economia confirmou nesta semana que estuda uma potencial redução da alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) no país, de 15% a 30%, como forma de conter a inflação.
A medida não é nova, já tendo sido colocada em prática em dezembro de 2008, ainda no governo Lula, que cortou o IPI para a venda de veículos novos a fim de estimular o consumo interno e mitigar o impacto da crise financeira global.
A decisão de 14 anos atrás resultou em uma desvalorização direta do valor dos carros novos, e a Localiza (RENT3), por exemplo, registrou um impairment (custo por redução ao valor contábil) de R$ 87,6 milhões, equivalente a 4,6% do valor da frota da companhia, no ano.
Além disso, a medida aumentou as despesas de depreciação da Localiza para incorporar o cenário de menor preço dos carros usados.
Apesar do efeito negativo, a companhia passou a comprar carros novos a preços mais baixos e, quando a isenção do IPI acabou, foi possível vender os carros usados a preços melhores.
Possíveis impactos da nova redução do IPI
Segundo Victor Mizusaki e Wellington Lourenço, analistas do Bradesco BBI e da Ágora Investimentos, desta vez, as locadoras de veículos não devem registrar uma redução na frota por conta da redução do IPI.
“A redução do IPI poderia reduzir os preços dos carros usados e acelerar a convergência das margens ebitda dos Seminovos para a média histórica de 3%-5%”, afirmam os analistas.
Além disso, Mizusaki e Lourenço ressaltam que as montadoras estão lutando para aumentar a produção de veículos devido à escassez de semicondutores e outros componentes, e, por isso, podem continuar a aumentar os preços dos carros novos para recuperar margens e aproveitar essa redução do IPI, sem repassá-la aos clientes finais.
Por fim, os analistas afirmam que, se esse cenário se confirmar e as locadoras decidirem registrar uma redução no valor da frota, a Movida (MOVI3) seria a empresa mais exposta e o impacto no preço de suas ações seria entre 1,2% e 2,5%, em comparação a faixa de 0,2% a 1,2% para Localiza e Unidas (LCAM3).
“A Movida expandiu com sucesso o tamanho da sua frota em 2021 e conseguiu operar a frota de rent-a-car (aluguel de carros) mais jovem do setor”, dizem os analistas.
Com base neste resultado, os analistas pressupõem que, diante a redução do IPI, as montadoras devem se comportar como em 2009.
Por Giovana Leal
Fonte: MoneyTimes
