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Faturamento das locadoras de automóveis caiu 19,5% em 2020

Setor registrou um faturamento líquido de R$ 15,3 bilhões no ano passado

As locadoras do Brasil registraram um faturamento líquido de R$ 15,3 bilhões em 2020, queda de 19,5% na comparação com o ano anterior. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pela Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla).

“Tivemos queda de faturamento apesar de bom resultado de algumas locadoras. Mesmo porque não tivemos um acréscimo grande de frota. Várias locadoras ficaram alguns meses paralisadas”, disse presidente do Conselho Nacional da ABLA, Paulo Miguel Júnior, em coletiva na manhã desta quarta. 

Segundo a Abla, o setor fechou o ano com crescimento da frota apesar das dificuldades na produção. A frota passou de 997 mil veículos para 1,007 milhão. O executivo destacou que o setor tinha ainda outros 100 mil veículos encomendados no ano passado, mas que as montadoras não conseguiram entregar por causa das dificuldades na linha de produção com a pandemia. 

A dificuldade na entrega colaborou para um envelhecimento da frota, cuja idade média passou de 14,9 meses em 2019 para 19,6 meses em 2020. 

Para 2021, o executivo disse que o cenário para faturamento das empresas está melhor. “Durante o ano de 2020 nós tivemos uma boa venda de ativos no período crítico da pandemia, o que não vai acontecer atualmente. Nossa frota tende a aumentar nesse ano”, disse. 

Ele destacou que apesar das dificuldades, as restrições não estão paralisando as locadoras como no ano passado. Miguel Júnior disse que em 2021 as locadoras devem ter demanda para algo próximo de 450 mil carros — contando com os 100 mil carros encomendados no ano passado mas não entregues. Até agora, ele disse que a indústria já tem pedidos na ordem de 200 mil veículos. 

Atraso no recebimento de veículos

A pandemia da covid-19 continua a pressionar a produção de veículos no País. Segundo a Abla, o setor tem registrado em média 180 dias de atraso para receber veículos, níveis semelhantes ao registrado no ano passado. 

“Antes elas (montadoras) davam o primeiro trimestre para normalização. Com todas essas restrições, estimamos que ano de 2021 ainda vai ser desafiador nesse sentido. Acredito que só após o segundo semestre, talvez no último trimestre a gente consiga estabilizar produção e entregas”, disse Paulo Miguel Júnior.

Diante das dificuldades, as montadoras começaram a suspender novos pedidos de locadoras, disse o executivo. A Volkswagen, segundo ele, suspendeu pedidos até abril, diante dos desafios na produção. Outras montadoras, entre elas GM e Fiat, também suspenderam pedidos de alguns modelos específicos, como o Cruze (GM) e Strada (Fiat). 

Saída da Ford

Ainda vai levar um tempo para o setor de locação de automóveis no Brasil se ajustar à decisão da Ford de encerrar sua produção no País, segundo a Abla. A decisão da Ford foi anunciada em janeiro e a empresa passará a importar os veículos. 

“A Ford tinha participação de até uns 35 mil ou 40 mil veículos no mercado de locação por ano. Isso vai ser absorvido por alguma outra montadora. O cenário ainda está incerto para saber quem vai conseguir ocupar esse espaço, se vai ficar bem dividido. Não temos essa noção”, disse Paulo Miguel Júnior.

O executivo foi provocado por jornalistas a comentar a proposta de incorporação da Unidas pela Localiza, anunciada no ano passado. O tema gerou manifestações contrárias da concorrente e terceira maior do mercado, Movida. A avaliação seria de que a junção das duas maiores empresas do setor prejudicaria o mercado. O tema ainda passa por avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Por Cristian Favaro

Fonte: Valor

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