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Bom momento para locação de veículos deve perdurar, aposta presidente da Movida

A falta de componentes elétricos e o atraso que isso tem trazido à produção de veículos, somada à demanda firme por transporte individual, fizeram a Movida, terceira maior locadora do país, registrar lucro líquido de R$ 276,7 milhões no quarto trimestre de 2021, crescimento de 99,5% na comparação com igual trimestre de 2020. O setor foi um dos primeiros a vencer a pandemia logo após o início da crise. E o cenário de turbulência no mercado, ao contrário de prejuízos, tem trazido recordes.

No quarto trimestre, a empresa atingiu o maior nível de diária média no segmento de aluguel de carros, de R$ 118,6, alta de 40% contra igual trimestre de 2020. O salto reflete o maior custo para se comprar um carro novo, assim como um mix mais voltado para veículos de maior valor (como SUVs) em detrimento dos modelos 1.0 – o grupo, entretanto, não entra em detalhes sobre como está a composição deste mix.

O bom momento para o setor, assim como os entraves às montadoras, deve ser algo a perdurar por 2022. “Nossa demanda continua forte”, disse o presidente da empresa, Renato Franklin, em conversa com o Valor.

“Antes, o cliente carregava uma mochila. Hoje, são malas para uma viagem de uma semana. O aluguel de cadeirinhas (de bebê) mais do que dobrou. É a família que não tem mais carro ou tem um carro mais econômico e aluga um maior para viajar”, observou.

Ele apontou, entre as janelas de oportunidade, o Movida Zero Km, braço de assinatura de veículos e que nos últimos quatro meses formalizou mais de mil contratos ao mês. No lado mais prejudicado, contou, está a demanda de motoristas de aplicativos com a disparada da gasolina — o negócio, entretanto, representa menos de 5% da Movida.

No segmento de Gestão de Terceirização de Frota (GTF) a empresa conseguiu um salto de 30% no ticket médio mensal na comparação com o quarto trimestre de 2020, para R$ 1,555 mil — recorde do grupo. O maior ticket veio com o repasse dos novos patamares de juros e preços dos veículos para renovação e aumento da frota para novos contratos.

A inflação, disse Franklin, tem sido um desafio. Mas a vantagem da empresa é conseguir repassar esse aumento ao preço final, uma vez que a demanda está bastante aquecida. “Estamos confortáveis em manter investimento porque o preço endereça os novos custos”, disse.

Neste ano, a inflação deve continuar sendo o problema ao consumidor. No passado, a subida no preço dos carros variava entre 4% e 5% ao ano, porcentual que chegou a 20% na pandemia. A previsão neste ano é algo entre 9% e 15%, disse Franklin — o grupo, entretanto, tem conseguido negociações abaixo deste porcentual com as montadoras.
O executivo acrescentou que os novos contratos de GTF já estão com ticket médio em R$ 2,3 mil — a rolagem dos contratos costuma acontecer entre 30 e 35 meses. Assim, a empresa deve elevar ainda mais o já atual recorde no preço dos contratos de GTF nos próximos meses.

No lado das montadoras, a empresa já fechou contratos com nove marcas para o fornecimento de veículos em 2022 e o volume de carros que tem sido entregue está dentro do planejado. A empresa fechou o ano com uma frota total de 187 mil carros, crescimento de 57,8% em relação à 2020 — 25 mil vieram da incorporação a CS Frotas, mais voltada à locação para o setor público.

“Ano passado, crescemos 40 mil carros organicamente. A gente havia iniciado o ano indicando 25, 30 mil veículos de crescimento e acabamos crescendo mais”, disse o diretor administrativo e financeiro e de relações com investidores da empresa, Edmar Prado Lopes Neto.

Sobre a previsão para este ano, Lopes Neto evitou cravar um número, mas disse que a estimativa é crescer pelo menos 25 mil carros. A empresa já tem um capex líquido para este ano estimado entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões.

A sinalização das montadoras é de que uma normalização na fabricação comece a acontecer em meados deste ano. “Eu estou mais cauteloso e acho que é mais final do ano”, acrescentou Lopes Neto.

A dívida líquida da empresa aumentou em R$ 4,3 bilhões ao fim do trimestre na comparação com os três meses finais de 2020, para R$ 6,587 bilhões, ante emissões de títulos no exterior e debêntures. Mesmo assim, a empresa encerrou o quarto trimestre de 2021 com uma relação dívida líquida sobre o Ebitda de 2,9 vezes, contra 2,7 vezes no quarto trimestre de 2020.

O salto pequeno mesmo diante do maior endividamento veio por causa do forte crescimento de Ebitda — de R$ 2,083 bilhões em 2021, um aumento de 132,8% ante 2020. A meta do grupo é continuar ampliando a frota, mas mantendo a alavancagem perto de 3 vezes.

Por Cristian Favaro

Fonte: Valor

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