No primeiro momento da pandemia, as ruas ficaram desertas. O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em parceria com o aplicativo de navegação Waze, calculou que a circulação de carros nas grandes cidades caiu mais de 70% naquele mês de março de 2020.
Para o setor de locadoras de veículos, o impacto foi visível durante a quarentena. De lá para cá, com a flexibilização das restrições sanitárias, o setor passou a respirar melhor e, no ano passado, o aluguel de carros superou os níveis pré-pandemia.
Player mundial do setor, a Localiza reportou lucro líquido de R$ 671,4 milhões no terceiro trimestre de 2021, 106% maior que o do mesmo período no ano anterior. Um movimento alavancado pelo aumento dos preços de veículos seminovos, além de aceleração nos negócios de locação e de gestão de frotas.
Desempenho semelhante teve a Unidas, com a qual a Localiza está em processo de fusão. Segunda maior locadora do País, ela teve um aumento de 29% na tarifa média – a da Localiza foi de 38% – e seu lucro mais do que dobrou.
O setor de locação de carros em Minas é vigoroso. São 266.908 automóveis e comerciais leves circulando a partir de 1.439 locadoras, que geram 11.695 empregos diretos. A terceirização responde por 60% da frota, o turismo de lazer por 20%, mesma porcentagem do turismo de negócios.
O diretor-executivo do Sindloc, que reúne 220 locadoras mineiras, Leonardo Soares Nogueira da Silva, comemora a demanda no final do ano passado, segundo ele superaquecida para todos os nichos do negócio. “Houve aumento no aluguel diário, terceirização de frota, carro por assinatura e locação para motoristas de aplicativo”, lista.
O segmento de motoristas de aplicativo, que teve um incremento significativo com o aumento do desemprego, deu uma recuada, segundo Silva. Com a alta no preço dos combustíveis, muitos motoristas devolveram os carros.
“O que impulsionou essa demanda foi mesmo o retorno das atividades econômicas, em especial no final do ano, que já é naturalmente movimentado”, observa o dirigente. Ele não sabe precisar o crescimento do setor em 2021 – a associação nacional só divulga esses números em março – mas garante que ele só não foi maior, por falta de carros no mercado.
Justamente por isso, a oferta insuficiente de automóveis pelas montadoras, junto à própria pandemia, foi um dos maiores desafios enfrentados pelo setor no ano passado. “Falta de equipamento, de chip, foi algo que afetou enormemente o segmento. Eu acredito que há uma demanda de uns 150 mil carros pelas locadoras em todo o País”, calcula Silva. Para se ter uma ideia, este é o número de carros conectados da Localiza, percorrendo 9 milhões de quilômetros por mês.
Para 2022, as expectativas se voltam para a performance da indústria automobilística. A aposta maior se volta para o carro por assinatura – locação de carros por longo prazo para pessoa física – e a terceirização de frota, tanto privada quanto pública. “Existe uma mudança cultural, pela qual as pessoas valorizam mais a posse do que a propriedade do carro, afinal a posse é muito mais barata”, aponta o diretor do Sindloc.
Este ano tem eleições, um evento que sempre impacta o mercado de locação de veículos. “O segmento é muito demandado pelos candidatos, que precisam se locomover na campanha eleitoral. A economia também fica mais aquecida, o que se reflete no nosso segmento”, finaliza.
Por Bianca Alves
Fonte: Diário do Comércio